Que
ódio!
Todos os sentidos foram aguçados. O sangue ferveu e
as mãos começaram a tremer. Claro que ia virar fofoca! Aquelas palavras
corroeram-lhe as entranhas como uma pichação no isopor. Por que tinha que ter
contado a ela que não estava feliz com a situação? Devia saber que se tivesse
mentido, talvez nada daquilo aconteceria.
A vontade era de socá-la, agarrar seus cabelos e
rodar, como na Idade da Pedra, quando os homens arrastavam suas mulheres pela
floresta.
Assim que ouvira as palavras envenenadas, seguidas
do sorriso traiçoeiro, entrou em pânico – um pânico privado e silencioso. O
pior de sua vida. O rosto fervia. Então seus olhos esquentaram e derreteram,
como se tudo terminasse ali. Tentou esconder-se, abaixando a cabeça. Temia que
alguém percebesse o seu estado calamitoso e de maneira alguma, queria que a
responsável por tudo aquilo a visse assim. Seria como oferecer ao leão uma bandeja
com suculentos cordeiros.
Sua sede de defesa foi maior. Virou-se para a pessoa
mais cruel que conhecera na vida, - absorvendo todos os seus traços da
malfeitoria na memória. E assim, despejou todas as palavras que estavam
entaladas na garganta, como um momento traiçoeiro, insano, em que nada parece
normal.
Autora:
Lya Gallavote.
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